Qual o efeito da pressão em uma equipe comercial?
O experimento conduzido em 1973 pela Universidade de Princeton, citado no livro “As Armas da Persuasão”, de Robert B. Cialdini, é uma das demonstrações mais poderosas de como o contexto e a pressão situacional podem afetar o comportamento humano, inclusive de pessoas com boas intenções.
No estudo, seminaristas foram convidados a ministrar uma palestra sobre a parábola do “Bom Samaritano”. No caminho, um ator representava um homem ferido caído em uma viela — e a variável principal era o nível de pressão aplicada pelos professores em relação ao tempo:
- Baixa pressão: “Ainda restam alguns minutos para estar tudo pronto, mas já pode vir.”
- Pressão média: “O assistente está pronto para recebê-los, então é melhor já virem para cá.”
- Alta pressão: “Você está atrasado. Eles estão esperando há vários minutos. É melhor se apressar.”
O resultado foi impressionante:
- Sob baixa pressão, 63% dos estudantes pararam para ajudar o homem ferido.
- Sob pressão média, o número caiu para 45%.
- E sob alta pressão, apenas 10% prestaram socorro.
A conclusão dos pesquisadores foi simples e poderosa: não é o caráter que muda, é o contexto que distorce o comportamento. Mesmo pessoas éticas e bem-intencionadas podem agir de forma contrária aos próprios valores quando estão sob estresse intenso.
Quando isso acontece dentro das empresas
Trazendo essa reflexão para o ambiente corporativo, especialmente no departamento comercial, vemos o mesmo fenômeno acontecer diariamente.
Gestores despreparados, pressionados por metas ou resultados de curto prazo, acabam transferindo essa pressão diretamente para suas equipes. O ambiente se torna tenso, e vendedores — que muitas vezes são profissionais éticos e comprometidos — passam a tomar decisões questionáveis para atender às expectativas impostas.
Quantas vezes já vimos casos em que a pressão por resultados:
- Leva profissionais a prometer o que não podem cumprir;
- Induz o time a ignorar processos éticos de venda;
- Faz com que o foco em metas ultrapasse o foco em pessoas e clientes;
- Desgasta o clima organizacional e reduz a qualidade das relações internas.
E o mais preocupante: muitas dessas distorções não acontecem por má-fé, mas por falta de preparo e consciência da liderança em lidar com o peso da cobrança e a responsabilidade de conduzir uma equipe de forma saudável.
A importância de uma gestão preparada
Uma gestão eficaz não é aquela que
pressiona mais, mas a que
direciona melhor.
Saber equilibrar
metas, valores e propósito é o que diferencia empresas que apenas vendem das que constroem reputação e resultados sustentáveis.
Pressão sem propósito é o mesmo que empurrar um time ao limite sem direção.
Por outro lado, quando a cultura organizacional valoriza
clareza, planejamento e ética, o desempenho vem de forma natural — e mais consistente.
Reflexão final
O experimento de Princeton nos lembra que o comportamento humano é sensível ao ambiente.
Da mesma forma, uma empresa que deseja manter equipes engajadas e éticas precisa
cuidar da qualidade de sua liderança e das condições de trabalho.
Porque, no fim das contas, ninguém se torna antiético por essência, mas pode ser empurrado a isso por uma gestão despreparada, focada apenas em números e não em pessoas.
E você, já observou o impacto da pressão nos comportamentos do seu time?
Será que a cobrança no seu departamento está estimulando o desempenho — ou distorcendo valores?
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