Qual o efeito da pressão em uma equipe comercial?

WIAEDUCA • 24 de janeiro de 2023

Compartilhe este artigo!

O experimento conduzido em 1973 pela Universidade de Princeton, citado no livro “As Armas da Persuasão”, de Robert B. Cialdini, é uma das demonstrações mais poderosas de como o contexto e a pressão situacional podem afetar o comportamento humano, inclusive de pessoas com boas intenções.

No estudo, seminaristas foram convidados a ministrar uma palestra sobre a parábola do “Bom Samaritano”. No caminho, um ator representava um homem ferido caído em uma viela — e a variável principal era o nível de pressão aplicada pelos professores em relação ao tempo:

  • Baixa pressão: “Ainda restam alguns minutos para estar tudo pronto, mas já pode vir.”
  • Pressão média: “O assistente está pronto para recebê-los, então é melhor já virem para cá.”
  • Alta pressão: “Você está atrasado. Eles estão esperando há vários minutos. É melhor se apressar.”

O resultado foi impressionante:

  • Sob baixa pressão, 63% dos estudantes pararam para ajudar o homem ferido.
  • Sob pressão média, o número caiu para 45%.
  • E sob alta pressão, apenas 10% prestaram socorro.

A conclusão dos pesquisadores foi simples e poderosa: não é o caráter que muda, é o contexto que distorce o comportamento. Mesmo pessoas éticas e bem-intencionadas podem agir de forma contrária aos próprios valores quando estão sob estresse intenso.

Quando isso acontece dentro das empresas

Trazendo essa reflexão para o ambiente corporativo, especialmente no departamento comercial, vemos o mesmo fenômeno acontecer diariamente.

Gestores despreparados, pressionados por metas ou resultados de curto prazo, acabam transferindo essa pressão diretamente para suas equipes. O ambiente se torna tenso, e vendedores — que muitas vezes são profissionais éticos e comprometidos — passam a tomar decisões questionáveis para atender às expectativas impostas.

Quantas vezes já vimos casos em que a pressão por resultados:

  • Leva profissionais a prometer o que não podem cumprir;
  • Induz o time a ignorar processos éticos de venda;
  • Faz com que o foco em metas ultrapasse o foco em pessoas e clientes;
  • Desgasta o clima organizacional e reduz a qualidade das relações internas.

E o mais preocupante: muitas dessas distorções não acontecem por má-fé, mas por falta de preparo e consciência da liderança em lidar com o peso da cobrança e a responsabilidade de conduzir uma equipe de forma saudável.

A importância de uma gestão preparada

Uma gestão eficaz não é aquela que pressiona mais, mas a que direciona melhor.
Saber equilibrar
metas, valores e propósito é o que diferencia empresas que apenas vendem das que constroem reputação e resultados sustentáveis.

Pressão sem propósito é o mesmo que empurrar um time ao limite sem direção.
Por outro lado, quando a cultura organizacional valoriza
clareza, planejamento e ética, o desempenho vem de forma natural — e mais consistente.

Reflexão final

O experimento de Princeton nos lembra que o comportamento humano é sensível ao ambiente.
Da mesma forma, uma empresa que deseja manter equipes engajadas e éticas precisa
cuidar da qualidade de sua liderança e das condições de trabalho.

Porque, no fim das contas, ninguém se torna antiético por essência, mas pode ser empurrado a isso por uma gestão despreparada, focada apenas em números e não em pessoas.

E você, já observou o impacto da pressão nos comportamentos do seu time?
Será que a cobrança no seu departamento está estimulando o desempenho — ou distorcendo valores?

Educativos Recentes

Principais objeções de vendas técnicas - como conduzir, responder e transformar objeções
Por WIAEDUCA 26 de novembro de 2025
Descubra como lidar com as principais objeções de vendas técnicas com condução assertiva, estratégias práticas e perguntas inteligentes que elevam suas chances de fechamento.
Por WIAEDUCA 28 de setembro de 2025
É comum vermos gestores se perguntando: como fazer com que minha equipe acredite mais em si mesma e nas oportunidades que surgem? Em muitos casos, o pessimismo chega antes de o cliente ser ouvido, e isso pode comprometer não só uma venda, mas também a confiança no relacionamento. O cliente percebe quando não há energia ou convicção do outro lado.
Por WIAEDUCA 26 de setembro de 2025
Antes de discutir qual sistema é o mais adequado para sua equipe, se o CRM ou ERP, é essencial entender a diferença entre dois papéis, muitas vezes confundidos nas empresas: vendedor e atendente. O papel do atendente Como o próprio nome sugere, o atendente responde a solicitações. Sua postura é receptiva: ele esclarece dúvidas sobre produtos e serviços, dá suporte quando acionado, mas não necessariamente busca novas oportunidades ou sugere soluções adicionais. Seu foco está no atendimento reativo, e não na venda proativa. O papel do vendedor O vendedor vai além. Ele identifica as necessidades do cliente, propõe soluções adequadas, realiza visitas, acompanha oportunidades (follow-up), constrói relacionamento e mapeia e explora o potencial de cada cliente. Está envolvido em negociações e atua ativamente no fechamento de vendas.